Entrevista ao jornal Vida Económica sobre a Microsoft e o Open Source
Partilho aqui a entrevista que fiz ao jornal Vida Económica sobre o tema a Microsoft e o Open Source.
1. Qual é a perspectiva da Microsoft em relação ao opensource?
O open source é uma forma de desenvolvimento de software. Até aos dias de hoje não foi encontrada nenhuma forma perfeita ou ideal de desenvolver software e por isso cada modelo de desenvolvimento tem as suas vantagens e pontos a melhorar. Como qualquer forma de desenvolvimento de software, o open source cria/desenvolve produtos e soluções de software. A perspectiva da Microsoft em relação aos produtos open source pode ser definida numa palavra "coopetição" . A "coopetição" é definida como a relação entre duas organizações, onde em certas situações são concorrentes e noutras cooperam, são parceiros. Por um lado, os produtos open source concorrem com os produtos Microsoft e por outro interoperam e integram com plataforma/produtos Microsoft.
Por estas razões, o open source e outros diferentes modelos de desenvolvimento irão co-existir na indústria tecnológica durante os próximos tempos.
2. E qual é a estratégia?
A Microsoft é uma organização que desenvolve plataformas que permite aos Programadores e Parceiros que desenvolvam soluções que vão ao encontro das necessidades do mercado. É um ecossistema muito saudável e com uma dimensão importante: 750.000 (4.300 em Portugal) organizações que são parceiras Microsoft e existem cerca de 5,000,000 de programadores em todo o mundo que utilizam tecnologia Microsoft.
O Open Source faz parte deste ecossistema:
- Mais de 80.000 aplicações open source e shared source que utilizam plataforma Microsoft estão disponíveis nos repositórios Sourceforge.net e Codeplex.com
- Muitas organizações que escolheram criar o seu negócio em torno do open source estão a colaborar com a Microsoft: SugarCRM, MySQL, Novell, JBoss, Zend, XenSource, Sun Microsystems, Mozilla, Aras, SpikeSource, e Xorp são alguns exemplos
A estratégia da Microsoft é clara e é focada em ajudar as organizações a terem sucesso num mundo cada vez mais tecnologicamente heterogéneo. Para além disto, a Microsoft pretende criar oportunidades aos fornecedores locais de soluções e aos programadores que poderão combinar os dois modelos de desenvolvimento.
3. Qual é a vossa posição em relação à propriedade intelectual e ao opensource?
A propriedade intelectual desempenha um papel vital na manutenção de uma ciclo de inovação na industria de Tis. Conceitos da propriedade intelectual (direitos de autor, marcas registadas, patentes) são ferramentas importantes para os programadores e empresas fornecedoras de software, definirem termos de utilização que permitem o seu projecto ou negócio consiga ter resultados. Esta aproximação é independente do modelo de desenvolvimento utilizado.
4. Hoje, como acredita que o mercado português das TI encara o opensource?
Tal como em qualquer mercado, sempre que surge uma novidade existe uma fase inicial de grande expectativa e divulgação (eventos, jornais, analistas). É também nesta fase que os argumentos mais emotivos vêm ao de cima. Acho que o open source já passou esta fase e é neste momento encarado como mais uma forma de fornecer soluções às organizações no mercado das Tis. Acho que o mercado compreende as vantagens e desafios dos vários modelos de desenvolvimento existentes e por isso toma as suas decisões tendo isso em mente.
5. Que projectos têm actualmente em mãos relativamente ao open source?
A nível internacional a Microsoft continua a trabalhar em acordos de parceria com organizações open source. Ainda recentemente foi a Microsoft tornou-se num dos patrocinadores da "Apache Software Foundation" (software open source para servidores internet) e fez mais uma contribuição para essa mesma comunidade.
A nível nacional a Microsoft tem trabalhado muito perto com a Novell em Portugal. Já foram fechado 4 acordos de colaboração com diferentes organismos públicos e privados. Dois desses organismos são a Força Aérea e o Instituto de Informática. A Microsoft está a trabalhar noutras iniciativas, principalmente com fornecedores locais, mas que iremos anunciar a seu tempo!